Quais problemas que a Contoterapia trata
- 10 de nov.
- 4 min de leitura

A Contoterapia é uma abordagem contemporânea de cuidado que utiliza as histórias como pontes para a reconexão entre emoção, sentimento e pensamento. Ela nasce do encontro entre a tradição oral e o olhar terapêutico, restaurando o vínculo entre quem somos, o que sentimos e as imagens que sustentam a nossa vida interior.
Mais do que um método, é um ofício de presença e escuta. As histórias são a via, mas o que realmente opera transformação é o campo de relação que se forma entre quem escuta e quem narra. Nesse espaço simbólico, o que estava confuso começa a se reorganizar e a ganhar forma.
Principais problemas que a Contoterapia trata
Muitas pessoas procuram a Contoterapia quando percebem que algo nelas perdeu o sentido ou a direção. Às vezes há uma dor antiga, outras vezes um cansaço que não se explica, ou simplesmente a sensação de estar vivendo sem alma. Essas experiências podem até parecer num primeiro momento sinais de fraqueza, mas, na verdade, são convites para uma travessia interna. A Contoterapia cria as condições para que essa travessia aconteça com amparo e significado.
Ansiedade, insônia e esgotamento emocional
Entre os problemas que a Contoterapia trata estão a ansiedade, a insônia e o esgotamento emocional, especialmente quando a mente parece não conseguir descanso. As histórias atuam como organizadoras do caos interno, oferecendo imagens que acalmam e reorganizam.
Perdas e recomeços
A Contoterapia também trata problemas relacionados a lutos, separações, mudanças de país ou transições de ciclo de vida. Nesses momentos, as narrativas ajudam a dar sentido ao que foi vivido e abrem espaço para o novo.
Conflitos emocionais e relacionais
Conflitos emocionais ou relacionais são trabalhados quando se torna difícil identificar o que pertence a si e o que vem do outro. A abordagem simbólica permite compreender padrões e transformar dinâmicas que causam sofrimento.
Vazio existencial e falta de propósito
A sensação de vazio, apatia ou falta de propósito encontra acolhimento quando a vida segue, mas sem brilho ou direção. As histórias despertam a conexão com aquilo que realmente importa para cada pessoa.
Questões psicossomáticas
As questões psicossomáticas também estão entre os problemas que a Contoterapia trata, especialmente quando o corpo fala o que ainda não foi possível expressar em palavras. O conto oferece uma linguagem simbólica para traduzir essas mensagens corporais.
A Contoterapia acolhe esses processos de forma simbólica. Em vez de interpretar, ela oferece imagens e narrativas que ampliam a percepção e ajudam o indivíduo a compreender o que está vivo dentro dele. É uma forma de reorganizar o mundo interno por meio da imaginação, abrindo caminhos para novas atitudes e sentidos de vida.
Como as histórias atuam no cuidado
Cada história é um território fértil de significados. Ao ser contada com intenção e presença, ela toca regiões profundas da psique e desperta algo que estava adormecido. Durante uma sessão, o conto terapêutico é escolhido ou criado a partir da escuta sensível do contoterapeuta. A narrativa atua como espelho e convite, ressoando e refletindo o que o participante está vivendo e, ao mesmo tempo, propondo uma direção simbólica para o movimento interior.
No livro Contoterapia: bases teóricas e narrativas do cuidado, Anna Rossetto descreve esse processo como reintegração simbólica. O que antes estava fragmentado, como emoções dispersas, pensamentos confusos ou memórias soltas, começa a se reunir em uma nova coerência interna. O conto, nesse contexto, funciona como um gesto de cuidado. Ele não diz o que fazer, mas desperta a capacidade de compreender e transformar.
Um campo de cuidado além do diagnóstico
A Contoterapia não busca enquadrar o que é vivido em categorias psicológicas. O foco está na experiência e na relação. Por isso, ela se integra bem a outros processos de autoconhecimento ou acompanhamento terapêutico. Pode ser vivenciada de forma individual, em sessões personalizadas, ou em grupos, onde o encontro entre diferentes histórias gera reconhecimento e sentido coletivo. Também encontra aplicação em contextos educacionais e de saúde, favorecendo vínculos, escuta e empatia.
A prática não substitui a psicoterapia nem o acompanhamento médico, mas os complementa, oferecendo um campo simbólico que sustenta o processo de amadurecimento emocional. Isso amplia as possibilidades de cuidado para diferentes problemas emocionais e existenciais.
Histórias que restauram o sentido
A Contoterapia convida à pausa e à escuta. Ao narrar ou ouvir uma história, algo se realinha dentro de nós. As imagens trazem compreensão onde havia confusão, serenidade onde havia angústia, direção onde havia dispersão. Como diz o próprio livro, as histórias não curam, elas cuidam. Esse cuidado se dá pelo gesto de escutar com o corpo inteiro, de permitir que a imaginação se torne ponte entre o invisível e o concreto, entre o vivido e o possível.
Em tempos de ruído e aceleração, a Contoterapia nos devolve o tempo da alma. Talvez seja isso que muitas pessoas estejam realmente buscando, um lugar onde possam ser escutadas de verdade e, ao escutar, reencontrar a própria voz.
Abraços,
Anna Rossetto




Comentários